O MITO DE SÍSIFO
Resumindo
o máximo possível do mito; Sísifo, era rei da Tessália e de Enarete, era o
filho de Éolo. Sísifo tinha a reputação de ser o mais habilidoso e esperto dos
homens e por esta razão dizia-se que era pai de Ulisses. Sísifo despertou a ira
de ninguém menos do que Zeus quando contou ao deus dos rios, Asopo, que Zeus
tinha sequestrado a sua filha Egina. Então Zeus mandou o deus da morte,
Tanatos, perseguir Sísifo, mas este conseguiu enganá-lo e prender Tanatos. A
prisão de Tanatos impedia que os mortos pudessem alcançar o Reino das Trevas,
tendo sido necessário que fosse libertado por Ares. Apesar de sua peripécias, Hermes,
o deus mensageiro e condutor das almas para o Além, decidiu então castigá-lo
pessoalmente, infligindo-lhe um duro castigo, pior do que a morte. Sísifo foi
condenado para todo o sempre a empurrar uma pedra até ao cimo de uma montanha, sendo
que a mesma sempre antes de chegar quase ao topo, sempre escorregava e caia
novamente. Este processo seria sempre repetido até à eternidade.
Minha
reflexão se baseia no fato do que acontece, qual o real motivo que levam as
pessoas, sempre em maior quantidade a não conseguir terminar o que começam.
Quem nunca ouviu falar ou conhece uma pessoa(s) (ou esta vivendo essa
experiência) que dizem: “Amanhã começo minha dieta e dessa vez vou até o fim”?
Ou ainda “Mês que vem deixo esse emprego que me consome e mudo minha situação”,
“Ano que vem começo um curso em uma faculdade e dessa vez vou até o fim, não
vou desistir no meio do caminho”, ou perto da virada do ano, geralmente cercado
de familiares e amigos pulam as sete ondas e dizem com toda a convicção: “Ano
que vem tudo será diferente, vou dar uma guinada na minha vida e tudo que me
faz mal e me prejudica vou deixar para trás e viver muito melhor”.
Os
exemplos são muitos, no entanto nada acontece (ou quase nada), sempre se repetindo
a mesma história de fracasso ou frustração. O que a faz desistir? Por que
quando está quase conseguindo a pessoa desiste? Por que sempre começa algo bem,
entusiasmada e aos poucos o desânimo bate e ela mais uma vez sucumbe e desiste?
(pedra rola montanha abaixo).
Podemos
refletir o que aconteceu e ainda acontece na vida dessas pessoas para viverem
como Sísifo, sempre despendendo muita energia, mas nada mudando no final.
Quais
conteúdos inconscientes a “tomam”, a “possuem” para que ela repita sempre as
mesmas histórias de fracasso? Será o medo da vitória, do Sucesso? E se for, por
que o medo da vitória?
No
consultório, tenho acompanhado algumas pessoas com essa dificuldade e quase
sempre percebo que na maioria das vezes (não é 100% dos casos), muito do que
ela viveu na infância, no convívio com os pais, (quase sempre autoritários e
controladores), muitas vezes rebaixam seus filhos com palavras como: “você
nunca vai ser ninguém”, nunca vai ter sucesso na vida”, “você vai ser sempre um
fracasso se não fizer o que eu mando” etc etc.
Nem
sempre é fácil entrar em contato com o verdadeiro “mito interior”, nosso verdadeiro
complexo e enfrentar de frente “a ira dos Deuses” e finalmente conhecermos/compreendermos
o que nos paralisa, nos faz deixar a pedra rolar, e dessa forma podermos colocar
a pedra no cume da montanha e acabar com tamanho “destino trágico”.
Mas
o melhor de tudo é que podemos mudar esse “destino”, ressignificar nossos mitos
internos, percebendo aos poucos quem realmente somos e dessa forma adquirirmos
a consciência de que não somos “esse fracasso” que quiseram nos vender e que
claro, acabamos acreditando e por isso mesmo vivemos dessa forma.
Para
isso temos que ter a coragem, de não querermos nos auto-enganar querer
trapacear nós mesmos e aos outros (como Sísifo que queria vencer a própria
morte) e olharmos para dentro de nós a procura de compreensão e finalmente
resolução desse complexo, desse mito de Sísifo que atua dentro de nós e nem
sabemos o real motivo.
Coragem
é o que precisamos a principio para admitirmos para nós mesmos, que essa
dificuldade que vivemos não é um vaticínio perpétuo como no caso de Sísifo. Devemos
nos conhecer cada vez mais, para que possamos no final, sermos quem realmente
somos (torne-se si-mesmo – Self).