Transtornos na Moda

Cada vez mais venho me deparando em meus
atendimentos, com pessoas que foram diagnosticadas ou se auto “intitulando” com
Transtorno Afetivo Bipolar, com Síndrome do Pânico, Depressão e outros
transtornos. Chegam ao consultório relatando que o médico disse, que a mãe
disse, que o marido e os amigos(as) disseram que elas são isso e aquilo. O pior
de tudo é que realmente acreditam nesse “diagnóstico” e muitas vezes passam a
se comportar como tal e na maioria das vezes sofrem caladas, muitas vezes com vergonha
de serem “doentes”.
Venho percebendo cada vez mais que “está na moda” diagnosticar como Bipolar,
Depressivo, TOC, Ansiedade (Pânico) etc. Uma pessoa não pode alternar o humor
que é Bipolar, não pode ficar triste e um pouco reservada por uns dias que está
com depressão. Assim como não pode ficar ansiosa e não saber bem explicar o
motivo de tal ansiedade que agora “desenvolveu” um transtorno de ansiedade.
Vejamos; alguém já viu uma abelha mudar de humor? Um bezerro? Ou ainda, alguém
já viu um jacaré ficar extremamente triste? Ou uma tartaruga ficar com muito
medo (Fobia) e não conseguir mais colocar a cabeça pra fora de seu próprio
casco? Pois é, eu também não. E sabem o motivo de não acontecer isso com esses
animais? Porque ficar triste sem um motivo aparente, mudar de humor (inclusive
facilmente), ficar ansioso sem saber bem o motivo, é da condição humana. Nós
seres humanos sempre vamos experimentar essas sensações e nem por isso temos os
transtornos mencionados.
Com isso obviamente, não estou negando que existam os transtornos mencionados.
O ser humano pode sim por inúmeros fatores, ser acometido de tais
doenças/dificuldades. Inclusive, uma pessoa pode sofrer com mais de um
transtorno, por exemplo, receber um diagnóstico de transtorno do impulso e
ainda de uma outra comorbidade como a depressão. E ser correto o diagnóstico.
Isso também é da condição humana.
O que pretendo com a minha reflexão é chamar a atenção de médicos psiquiatras,
psicólogos (profissionais da saúde em geral), para um diagnóstico mais preciso,
que sejam mais cuidadosos em sua conduta e não saiam afirmando, decretando que
uma pessoa é isso ou aquilo, reduzindo o paciente a uma doença, a um sintoma.
Não é porque uma pessoa relata estar triste por um período, que estamos falando
necessariamente de depressão. Nem tão pouco, uma pessoa que ultimamente relata
experimentar mudanças de humor, estaremos falando ou diante de um caso de Bipolaridade.
Um diagnóstico errado pode prejudicar muito a vida de uma pessoa,
principalmente se ela acreditar em sua enfermidade (efeito placebo) e passar a
agir como tal, se resignar e dessa forma, muitas vezes acabar realmente
“desenvolvendo” o transtorno seja ele qual for.
Podemos estar triste, ansiosos ou experimentar mudanças de humor por muitos
motivos, os mais variados. Somos dotados de um inconsciente, que quer comunicar
algo, no entanto, muito provavelmente podemos não estar dando a devida atenção.
Dessa forma o inconsciente, precisa se expressar da forma mais simbólica
possível, tentando comunicar o que está de errado com ela, na vida dessa
pessoa. É nesse momento que os sintomas podem aparecer, inclusive podemos
somatizar. Não obstante, não estamos falando necessariamente de um transtorno.
Em minha experiência como psicólogo clínico, constato que na maioria dos casos
que aparecerem no consultório não se trata de um transtorno realmente. Depois
de algumas sessões, de algum tempo de terapia, vejo ficar claro para a maioria
dessas pessoas, que elas não sofrem do transtorno da depressão, não são
bipolares etc. São pessoas que estão sofrendo, passando por situações difíceis
e por isso mesmo é natural que experimentem alguns momentos de tristeza. É
natural e até esperado que fiquem ansiosas com muitas situações do dia-a-dia,
ainda mais se essas pessoas não conseguem explicar e/ou compreendem o motivo de
sua dor etc.
Portanto, minha reflexão é em relação ao diagnóstico muitas vezes precipitado,
que não deve ser do interesse de ninguém com exceção da indústria farmacêutica
que cada vez mais vem lucrando, com quantias exorbitantes por conta da
“medicalização indiscriminada”. Acredito que para essas pessoas que sofrem com
esse tipo de situação, fosse muito interessante e prudente que elas consigam
aprender a compreender e enfrentar melhor suas dificuldades. Dessa maneira,
dificilmente experimentariam o sentimento de vergonha de “sí-mesma” e com
certeza sofreriam bem menos.
Quando isso torna-se possível, as
pessoas que costumam chegar a qualquer consultório (pelo menos as que procuram
ajuda) com uma identidade distorcida do tipo “Sou o João e tenho depressão”,
passam dessa situação para algo parecido com: “Sou o João e passei por algumas
dificuldades e pude compreender o motivo de minha tristeza, como eu estava
conduzindo minha própria vida e dessa forma, posso agora lidar melhor com a
vida, com as pessoas e claro, comigo mesmo”.
Adorei o texto. Perfeito! Obrigada por compartilhar conosco ...
ResponderExcluirOi Adriana, que bom que você gostou!!
ResponderExcluirParabéns Edilson! Ótimo texto!
ResponderExcluirObrigado Matha!!! E seja bem vinda!!
ExcluirParabéns Edilson, adorei o texto!!!
ExcluirObrigado Tammy, valeu!!!
ResponderExcluirParabéns você me surpreendeu.
ResponderExcluirObrigado pelo elogio!!
ExcluirMuito bom texto!Obrigada por compartilhar. Aguardo próximo
ResponderExcluirMuito bom texto!Obrigada por compartilhar. Aguardo próximo
ResponderExcluirQue bom que tenha gostado. Logo mais, publicarei mais textos.
ExcluirObrigado