domingo, 1 de julho de 2012

MITO DE PROCUSTO


             Procrusto era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua morada, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato tamanho, e recebia todos os seus convidados, os viajantes e os fazia deitarem em sua cama. Se as pessoas  fossem demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama, os de pequena estatura, eram esticados até atingirem o comprimento suficiente. Ninguém sobrevivia, pois nunca uma vítima se ajustava exatamente ao tamanho da cama.
            Procusto continuou seu reinado de terror até que foi capturado pelo herói Teseu que, em sua última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que infligia aos seus hóspedes.
            O mito de Procusto, representa a intolerância do homem em relação ao outro. Essa intolerância esta nas mais variadas situações como credo religioso, questões culturais, politicas e econômicas que ao longo da história, justamente essa intolerância com o semelhante levou a humanidade a declarar muitas guerras e com isso muitas vidas foram ceifadas, tudo porque uma pessoa ou sistema politico por exemplo, “não esta dentro dos padrões” de alguém ou grupo que se acha superior (Nazismo) etc.
            Minha reflexão reside no Procusto que pode habitar em cada um de nós na medida que não aceitamos ou julgamos alguém pela sua aparência, pela sua escolha partidária, credo religioso, pela roupa que ela usa, se esta “gorda ou magra demais”, se fala alto ou baixo demais, se é extrovertida ou tímida demais. Por que insistimos tanto para que o outro pense e se comporte como nós? Por que temos a presunção de achar que sabemos o que é melhor para o outro? Será que conseguimos reconhecer em nós os possiveis momentos que estamos sendo “Procusto” e colocando o outro para “deitar em nossa cama”?
            Penso que os meios de comunicação, principalmente os de massa como televisão, rádio e internet por exemplo, tem nos “esticados” ou nos “amputados” para que sigamos um padrão ditado por alguém que com certeza esta lucrando (em todos os sentidos) muito com isso.
            Outro meio cruel de “sermos Procusto” reside no fato de nós mesmos nos mutilarmos achando que não somos bom o bastante e com isso sofrermos na mesma medida em que deixamos de ser quem realmente somos e pelo simples fato de abdicarmos do que realmente desejamos para (deitar na cama) “nos encaixarmos” no padrão e expectativa de alguém, seja lá quem for esse alguém (marido/esposa, amigo, padre, sociedade em geral).
 Como psicólogo, faço inclusive um alerta para meus colegas de profissão, principalmente aqueles que como eu recebem pessoas em seu consultório ou hospital etc, para que não deite o seu paciente na cama de nenhuma abordagem, de nenhum desejo seu (contra-transferencia). Não podemos (pelo menos não deveriamos), colocar uma abordagem ou técnica na frente do fenomeno real que se mostra/apresenta no relacionamento com nosso paciente (não que a abordagem não seja importante para o profissional). O respeito que devemos ter por cada um deles está acima de qualquer “desejo” ou presunção de nossa parte de supostamente acharmos “que sabemos o que é melhor para ele(a)". Nas palavras de Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
          Portanto, convido a todos para refletirmos sobre a intolerância com o nosso semelhante, por conta de nossas diferenças culturais, partidárias, por termos opiniões e gosto pessoal diferente do outro, bem como desejos etc etc.
Cada um que deite em sua própria cama.

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