Procrusto
era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Em sua morada, ele tinha uma cama de ferro, que tinha seu exato
tamanho, e recebia todos os seus convidados, os viajantes e os fazia deitarem em
sua cama. Se as pessoas fossem
demasiados altos, ele amputava o excesso de comprimento para ajustá-los à cama,
os de pequena estatura, eram esticados até atingirem o comprimento suficiente.
Ninguém sobrevivia, pois nunca uma vítima se ajustava exatamente ao tamanho da
cama.
Procusto continuou seu reinado de
terror até que foi capturado pelo herói Teseu que, em sua última aventura, prendeu Procusto lateralmente em sua própria
cama e cortou-lhe a cabeça e os pés, aplicando-lhe o mesmo suplício que
infligia aos seus hóspedes.
O mito de Procusto, representa a
intolerância do homem em relação ao outro. Essa intolerância esta nas mais
variadas situações como credo religioso, questões culturais, politicas e
econômicas que ao longo da história, justamente essa intolerância com o
semelhante levou a humanidade a declarar muitas guerras e com isso muitas vidas
foram ceifadas, tudo porque uma pessoa ou sistema politico por exemplo, “não
esta dentro dos padrões” de alguém ou grupo que se acha superior (Nazismo) etc.
Minha reflexão reside no Procusto
que pode habitar em cada um de nós na medida que não aceitamos ou julgamos
alguém pela sua aparência, pela sua escolha partidária, credo religioso, pela
roupa que ela usa, se esta “gorda ou magra demais”, se fala alto ou baixo
demais, se é extrovertida ou tímida demais. Por que insistimos tanto para que o
outro pense e se comporte como nós? Por que temos a presunção de achar que
sabemos o que é melhor para o outro? Será que conseguimos reconhecer em nós os
possiveis momentos que estamos sendo “Procusto” e colocando o outro para “deitar
em nossa cama”?
Penso que os meios de comunicação, principalmente os de massa como televisão, rádio e internet por exemplo, tem nos “esticados”
ou nos “amputados” para que sigamos um padrão ditado por alguém que com certeza
esta lucrando (em todos os sentidos) muito com isso.
Outro meio cruel de “sermos Procusto”
reside no fato de nós mesmos nos mutilarmos achando que não somos bom o
bastante e com isso sofrermos na mesma medida em que deixamos de ser quem
realmente somos e pelo simples fato de abdicarmos do que realmente desejamos para (deitar na cama) “nos encaixarmos” no padrão e
expectativa de alguém, seja lá quem for esse alguém (marido/esposa, amigo,
padre, sociedade em geral).
Como psicólogo, faço
inclusive um alerta para meus colegas de profissão, principalmente aqueles que
como eu recebem pessoas em seu consultório ou hospital etc, para que não deite
o seu paciente na cama de nenhuma abordagem, de nenhum desejo seu (contra-transferencia).
Não podemos (pelo menos não deveriamos), colocar uma abordagem ou técnica na
frente do fenomeno real que se mostra/apresenta no relacionamento com nosso paciente
(não que a abordagem não seja importante para o profissional). O respeito que
devemos ter por cada um deles está acima de qualquer “desejo” ou presunção de nossa
parte de supostamente acharmos “que sabemos o que é melhor para ele(a)". Nas
palavras de Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao
tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
Portanto, convido a todos para
refletirmos sobre a intolerância com o nosso semelhante, por conta de nossas
diferenças culturais, partidárias, por termos opiniões e gosto pessoal diferente do outro, bem como desejos etc etc.
Cada um que deite em sua própria cama.
Muito bacana seu blog.
ResponderExcluirSucesso!
Muito obrigado Flavia e seja bem vinda!!!
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