Hoje posto aqui um artigo que escrevi para a Revista Canguru na versão completa (na revista por conta das normas da revista está resumido) sobre a Ritalina, uma droga que vem causando muita polêmica e explodindo nas prescrições no mundo todo. Fica aqui um alerta para os senhores pais e cuidadores. No final coloquei um link da matéria publicada na revista.
Segundo
a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de 8% a 12% das crianças
no mundo todo foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção e
Hiperatividade). A queixa dos pais e dos professores de que a criança tem
dificuldade de se concentrar, de ser agitada e muitas vezes desobedientes, são
os principais motivos que os levam a procurar ajuda médica e engordarem essa
estatística.
A Ritalina, nome comercial do
metilfenidato, é um psicoestimulante, prescrito majoritariamente no tratamento
de crianças diagnosticadas com TDAH. Sendo um estimulante, da família das
anfetaminas (como a cocaína), se consumida em certa dosagem, defende-se que
auxiliaria no desempenho de tarefas escolares.
Atualmente,
qualquer sinal de mal-estar pode ser diagnosticado como uma patologia cuja conduta
será unicamente a administração de psicofármacos. A prescrição abusiva de
psicofármacos não atinge apenas os adultos, mas também o mal-estar das crianças
tem encontrado uma resposta pronta naquele saber autoritário que não resiste à
compulsão de medicar.
Mas
aí é que começa os problemas. Não existe nenhum estudo acadêmico no mundo que
comprove sua eficácia e que diga com certeza todos seus efeitos colaterais.
Dessa forma, o diagnóstico precoce e errado em uma criança fatalmente estará a
expondo a um risco muito grave de saúde.
Alguns
efeitos colaterais além da própria dependência da medicação, já são bem
conhecidos, como surtos de insônia, piora cognição,
surtos psicóticos, alucinações e risco de suicídio. São dados registrados
no Food and Drug
Administration (FDA). Outro agravante, contrariando inclusive
a própria bula da medicação, crianças menores de 6 anos, cada vez mais vem
sendo erroneamente diagnosticadas e medicadas.
As
crianças muito inteligentes e de raciocínio rápido, criativas e inquietas no
sentido de existir nelas o lado questionador que proporcionou a humanidade
grandes gênios e pensadores, estão agora, desde muito cedo recebendo uma
sentença condenatória de doentes e consequentemente tratamento medicamentoso,
por um tempo muitas vezes indeterminado.
Não negamos que algumas crianças podem ter dificuldades
em algum momento em seu desenvolvimento, mas uma avaliação correta e cuidadosa,
imprescindivelmente tem que ser multidisciplinar, ou seja, psiquiatras,
neuropediatras, psicólogos e neuropsicólogos devem trabalhar juntos. Do
contrário, fica impossível fazer um psicodiagnóstico seguro a respeito da
criança.
A melhor forma de ajudar os pais e essas crianças, reside
fundamentalmente na compreensão da dinâmica familiar. Detalhes que escapam, que
passam desapercebidos da atenção e compreensão de todos.
Como C. G. Jung já havia percebido e alertado: “Sempre
que uma criança pequena manifeste os sintomas da neurose, não se deveria perder
muito tempo na pesquisa de seu inconsciente. A pesquisa deveria ser iniciada em
outro lugar, a saber, na própria mãe, pois de acordo com a regra geral os pais
são sempre os autores diretos da neurose da criança. Tudo aquilo que quisermos
mudar nas crianças, devemos primeiro examinar se não é algo que é melhor mudar
em nós mesmo. Talvez estejamos entendendo mal a necessidade pedagógica, porque
ela nos recorda, de modo incômodo, que de qualquer maneira somos crianças e
precisamos muitíssimo da educação”
Link: https://www.canguruonline.com.br/sao-paulo/noticia/artigos/ritalina-a-droga-da-obediencia
Nenhum comentário:
Postar um comentário